domingo, 28 de novembro de 2010

Crematório

Queime o sangue derramado
as tuas feridas fechadas
lacradas com teu orgulho

não deixes nenhuma prova
do teu crime sem castigo
dos teus pecados
largados aos teus cegos fiéis

os estigmas da tua alma
estão estigmatizados na tua carne
suja, crua, fria,
morta.

Queime todo o teu corpo
derramado em dor
nas camas ardentes
do teu passado

Jogue tuas cinzas ao vento
deixe-as irem com tuas palavras
dos amores cruéis
que de teus lábios se fizeram
que as cinzas no chão testemunharam.
01-10

Os porcos e o tempo

Não perguntes aos porcos
que horas são
pois se vão aos poucos
e sim e não
mudar não vai a sua decisão

Se queres saber
por quanto tempo ficastes no chão
olhe para o céu
e veja as nuvens que vem
e vão.

Não vai pensando
que pela contra-mão
o rio corre.
És tu quem está em outra direção

E se queres que o tempo ande
volte e meia pelo então
vire a cabeça, perca a noção

Do chão não verás
senão a alegria fugaz
das vidas mortas
pelo não.

12 jan 10