domingo, 7 de março de 2010

Armários

Abra seus armários...
eu ( não) estou a....
Quando se pára de tirar a poeira
da superfície
E se abrem os armários
dos tempos e dos sentimentos
O que se encontra
ao tentar se encontrar
pode ser não a si
mas a seus alicerces
Quando se remove a sujeira profunda
de seu próprio viver
Encontra-se inesperados eus
inesperados nós
Envolvidos por muitas teias
que amarram, enlaçam, prendem.
Prendem-se a nada e a tudo que não se foi
E ao remover tudo que não se foi
dá-se conta que nada poderia ter sido
a não ser o que fora
e aquilo que fora remoido, revirado assim
às claras e as limpas
incomoda, invade a falsa septicidade
da vida que se lava
e os panos molhados não incobriram
não aliviaram
tudo aquilo que jorrou
e feriu
mais uma vez

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