terça-feira, 28 de setembro de 2010

Cama de Memórias

Deitada, jazia.
Os lençóis eram os mesmos
remanescentes do todo
os mesmos sentimentos
que alí vivera.

Cansada, sonharia.
Mas o que valem são sonhos
relembranças de tudo
os mesmos enganos
que tivera alí.

De que lhe valiam
aquelas curvas tocadas
nos embalos
em lás menores?

Se tudo eram sóis maiores
que não raiariam mais
com o nascer do dia?

De que lhe valiam
aqueles toques embalados
enrolados no frio
de calores vazios?

Se das duas vidas
daquelas noites compridas
nada restaria
senão longas despedidas?

Deitada, ouvia.
Os lençóis eram os mesmos
aquecidos pelos medos
remanescentes do viver.

Cansada, viveria.
Mas o que lhe valeriam
relembranças desses cantos?
Se são os mesmos desenganos
-desencantos- que jazem alí.

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